Logística reversa e o controle de externalidades

A geração de resíduos é uma das externalidades críticas do setor de construção civil. Dados da Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição (Abrecon) apontam que cerca de 50% a 70% dos resíduos sólidos urbanos produzidos atualmente são provenientes do setor. Neste cenário, a Política Nacional de Resíduos Sólidos define obrigações de estruturação e implementação de sistemas de logística reversa tanto para fabricantes como para comerciantes, importadores e distribuidores, de forma que seja feita uma gestão compartilhada desses resíduos. O objetivo da logística reversa é garantir que os resíduos gerados façam o caminho contrário do fornecimento e voltem para a cadeia produtiva como matéria prima para a mesma indústria ou eventualmente siga um novo percurso. Dessa forma, é possível reduzir o descarte de materiais, reduzir o consumo de matéria-prima virgem entre os próprios fornecedores. Apoio ao setor Para dar suporte às construtoras e empresas ligadas ao setor, o Sindicato da Indústria da Construção Civil de São Paulo (SindusCon-SP) possui projetos para viabilizar e facilitar a logística reversa de diversos tipos de resíduos: gesso, madeira, tintas e resíduos inertes – que podem ser transformados em agregados reciclados e depois utilizados em pavimentação e fabricação de concreto com função não estrutural. Além disso, a entidade ainda apoia as iniciativas dos empreendedores que instalaram as recicladoras e coordena a comissão de estudos da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que elaborou as normas que permitem a utilização dos materiais reciclados. “Os resíduos da construção têm mostrado valor e que podem ser utilizados em diversos processos produtivos, ou seja, eles deixam de ser resíduos e passam a ser insumos para outros processos”, afirma a coordenadora técnica do Comitê de Meio Ambiente (Comasp) do SindusCon-SP, Lilian Sarrouf. Trabalho em evolução A Even conta com um programa de Logística reversa desde 2012 quando apenas três tipos de materiais participavam do processo. De lá para cá, a evolução foi grande. Em 2014, o programa passou a englobar sete tipos de materiais – resultado de um intenso trabalho de engajamento realizado com os fornecedores. “Eles são os responsáveis pelo recebimento e pela reciclagem dos resíduos dos materiais que vendem para a Even, por isso o foco nos fornecedores. Ano a ano eles se envolvem cada vez mais na questão da reciclagem”, afirma Flavia Lafraia, gerente de Sustentabilidade da Even. Ela ressalta que os bons resultados também se devem à adoção de melhorias no processo de uso dos materiais nas obras e à segregação mais eficiente dos materiais nos canteiros. Confira abaixo os principais resultados do programa de Logística Reversa da Even*:
  • 146 toneladas de entulho de blocos de concreto retornados ao fornecedor, gerando uma economia de R$ 4   mil para a empresa e a produção de 15.100 novos blocos.
  • 2.964 toneladas de gesso enviadas para a indústria de fabricação de cimento – um índice de reaproveitamento de 86%.
  • Coleta de 555 lâmpadas queimadas, que foram descontaminadas e recicladas.
  • 17.010 quilos de sucata metálica vendidos a empresa metalúrgica para reaproveitamento, gerando R$ 4.702,48 de receita.
  • Acúmulo de 9.900 quilos de cacos de cerâmica reutilizados na fabricação de pisos drenantes.
Como resultado de todas essas iniciativas, em 2014 a Even enviou 89% dos resíduos gerados por suas operações para reciclagem, superando a meta estipulada para o ano, que era de 85%. *Dados referentes ao ano de 2014 (Fonte: Relatório Anual e de Sustentabilidade Even 2015 – ano base 2014)